- OLIVEIRA, Maria de Fátima Cabral Barroso de. A mídia e as mulheres: feminismos, representação e discurso. 2005. 135p. Dissertação (Mestrado em Letras) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
- Metodologia: análise das representações das mulheres em textos publicados em jornais canadenses na década de 1990.
- Examinar os discursos construídos sobre a “categoria” mulher, os seus estereótipos e as posições de sujeito assumidas que, por meio de um discurso representacional, se apresenta como mulher mãe, erótica, vítima, etc.
- Análise utilizando os elementos teóricos de análise do discurso de linha francesa: a linguagem é constituída sócio-históricamente, estabelecendo uma relação necessária entre o dizer e as condições de produção desse dizer
- Identificação do contexto histórico; ideológico; social do discurso. O discurso é socialmente produzido.
- Hipótese central de que a mídia, através de um discurso que celebra a diversidade sexual, na verdade, legitima e marginaliza identidades. Como resultado, algumas categorias de mulheres sobrepujam outras.
- Representações das identidades das mulheres atravessadas pelo discurso político liberal humanista, pelo discurso vitoriano do século XIX, pelo discurso feminista, bem como pelo discurso criminológico e científico.
- As identidades das mulheres brancas, heterossexuais e de classe média são legitimadas e as identidades de outras mulheres, como negras, homossexuais e pobres, são excluídas ou marginalizadas.
- Textos jornalísticos são considerados “objetivos”, “verdadeiros”. A empresa jornalística, por meio do jornal, busca controlar a unidade para criar o efeito da subjetividade. Busca manter a ilusão de um sujeito uno, um narrador onisciente de todos os passos de sua produção.
- Discurso uno produz hegemonia: certas identidades predominam sobre outras.
- Aparência de representação das mulheres nos textos jornalísticos isenta das relações de poder.
- Identidade feminina produzida na mídia como o “diferente”, o “outro”, fora da norma. A identidade e a diferença adquirem sentido através da representação que a identidade e a diferença se ligam a sistemas de poder (Foucalt).
- Textos da mídia como barômetros de transformação sociocultural.
- Língua inglesa afetada pelo movimento feminista: “he” não generalizava o ser humano; novas figuras penais recriadas e palavras que passam a fazer sentido – pro choice; battered woman; sexism; gloss ceiling; sexual haressment; date rape.
- Categorias: mulher mãe; mulher profissional; mulher companheira; mulher vítima.
- As minorias sempre estão representadas como vilões ou vítimas. Os homens sempre representados como heróis.
- Discurso que procura convencer o leitor de que o espaço das mulheres na imprensa está gerado, porém são apresentadas através de estereótipos.
- Gênero como ideia de performance para além do historicamente construído; quebra dos padrões discursivos.
- Particularidade do sujeito: ele é influenciado pelo social e pela ideologia dominante, porém tem a sensação, a aparência, de ser individual; forma naturalizada das ideologias dominantes que o formam como sujeito.
- Concepção de mundo destituído de valores: ideia da ideologia dominante.
- Comparação com a leitura do livro “mulher de papel”: várias características da representação feminina na imprensa (e da imprensa feminina) se mantém.
- Em ambas as leituras a imprensa está descolada da realidade e da temporalidade.
- A forma como a violência está representada na imprensa torna outras formas de violência (que não aparecem no discurso) invisíveis.
Por : Luciana Laper
I Discurso , Identidade e o Sujeito
Discussão teórica. Conceitos como representação e identidade que auxiliam na visualização de como se estabelece as relações de poder, conhecimento e representações das mulheres nos textos jornalísticos canadenses.
1. Analise do Discurso
- A análise do discurso seria a busca dos sentidos que estão para além dos caracteres linguísticos, aquilo que amarra os sentidos do texto.
- Quando se trabalha o discurso, o que encontramos são as contradições ideológicas contidas na linguagem, uma relação ente a história e a língua.
- A produção de quaisquer discursos está intimamente relacionada com seu contexto histórico, ideológico e social, sendo assim, os textos jornalísticos referentes as mulheres são analisados considerando essa dimensão de sua produção.
1.1 Interdiscursos e Condições de Produção
- As condições de produção de um discurso ligam o sujeito, o contexto e a memória de sua fala. Ao falar de determinado algo ou alguém o sujeito não domina exclusivamente suas palavras, ele não é o único autor, uma vez que seu contexto e a sua memória já atribuem sentidos pré- existentes que orientam sua fala.
- O interdiscurso atua como forma ideológica de homogeneização. Discursos como o feminismo, quebra o padrão destinado à homens e mulheres, essa ideologia homogeneizante.
- Os textos são de fato entendidos quando a interpretação considera seu contexto de produção sócio histórico e ideológico.
1.2 Ideologia e Sujeito
- A ideologia é o material do indivíduo que opera na sociedade, sendo material entendido aqui como as práticas sociais. As ideologias formam os paradigmas destinados aos mais variados papéis sociais e influenciam em grande medida no discurso, esse sendo uma das dimensões em que se concretiza essa ideologia que forma e reforma a sociedade.
- "Historicamente, as práticas discursivas dominantes são maneiras de controle de preservação de relações sociais de exploração."(p.16)
- O sujeito não é a origem e nem a fonte do discurso, mas é perpassado pela sua historicidade, interpelado pela ideologia e perpassado pelo inconsciente.
- O sujeito e sua identidade é formada por um discurso construído historicamente na sociedade, interferindo significativamente na formação do sujeito, mas de forma normativa. O sujeito tem a ideia de que é dono do próprio corpo e da mente, mas não percebe que é formado e influenciado pela ideologia dominante que normaliza comportamentos que asseguram práticas de exploração. Daí a relação de poder/saber, que juntas vão formando novas identidades políticas-sociais. Os sujeitos modernos, são o produto de uma sociedade dominante capitalista e patriarcal.
- "Essas identidades coletivas se constituem pela exclusão e pela opressão de outras identidades, sendo efeitos das lutas pela hegemonia e poder." (p. 18).
- O poder desse discurso, que é produzido dentro de um contexto histórico social e ideológico, não um poder opressor, mas um poder-produtivo, por circular entre as relações e operarem nas micro-práticas, assim, naturalizando o que se pretende ter como normal ou correto.
2. Identidade e Diferença
2.1 Sexo e Gênero
- A identidade é construída no espaço da diferença, da relação do "eu" com o "outro".
- O sexo biológico não possui a mesma importância no processo de construção da identidade cultural, uma vez que o gênero que é socialmente construído, ele que define como o ser feminino ou masculino se enxerga e se expressa. Assim, o sexo biológico, não determina o gênero. Portanto, ninguém nasce homem ou mulher, mas se constroem enquanto tais.
- A mulher está em estado de subordinação no seu processo de criação, uma vez que é o universo masculino que cria os modelos padrões do que é ser mulher, já que o acesso à linguagem é de fácil alcance desses. Assim, a situação de inferioridade feminina se vê na sua própria construção, que a subordina e a transforma em objeto de troca e consumo. Os padrões femininos são de criação masculina.
- No processo de construção da identidade na relação de sexo/gênero, as práticas normativas os relacionam como determinantes um do outro, como se o sexo biológico fosse o determinante do gênero.
- "Butler, assim, reconsidera a categoria do 'sexo' e afirma que a distinção entre homem e mulher não é natural, mas sim uma construção. Para ela, na verdade, esta distinção não é neutra. Em realidade, um regime político é imposto através dessa prática." (p. 23).
- "Butler (1993) sugere que o modelo dominante pode ser quebrado pela proliferação de possibilidades corporais alternativas, encorajando-se configurações que parodiam a concepção do gênero natural." (p. 24)
- "Como já ditos, os estudos foucaultianos afirmam que a sexualidade não é uma qualidade natural do corpo, mas sim o efeito histórico de relações de poder específicas. Assim, podemos dizer que as experiências vividas pelas mulheres são controladas dentro de uma imagem culturalmente determinada do que seja a sexualidade feminina." (p. 24)
- O corpo e a sexualidade são vertentes de controle social, logo, a diferença sexual condiciona à desigualdade de gênero. A mulher se torna inferior por ser relacionada, por conta da sexualidade, aos papeis da reprodução e da maternidade; e, também, pelo padrão vigente ser masculino.
- Uma vez institucionalizado um discurso de gênero, são produzidos determinados saberes, como no século XIX que são propagados ideias como a valorização da mulher pela sua capacidade reprodutiva e rotulada como o sexo frágil. São ideias que formulam o gênero relacionando com o biológico, principalmente, e com o ideário político de estabelecer um padrão dominante.
3.O Texto Jornalístico
- O texto é também uma importante arena de disputas políticas, sociais e ideológicas, opondo, constantemente, diversas ideias.
- A mídia possui um importante papel na construção do sujeito sexual mulher, reforçando padrões dominantes por meio de textos jornalísticos, os quais comportam uma linguagem narrativa que permite a presença de vários personagens que reforçam as ideologias dominantes.
- Nos textos jornalísticos, as minorias se enquadram na categoria de vilões ou vítimas, dificilmente conseguem o posto dos heróis.
- "notícias são socialmente construídas e o contexto social influencia a escolha do texto jornalístico como notícia." (p. 27). As notícias são determinadas e dirigidas pelos homens, já que são deles os cargos executivos dos jornais, portanto, as menções aos homens são muito mais frequentes que as mulheres.
RESUMO DO CAPÍTULO
O capítulo teve como objetivo a apresentação da linha teórica utilizada pela autora durante a
sua pesquisa. Ela mostrou o conceito do interdiscurso, o qual é importante no que diz respeito
ao consenso e a construção do sujeito. A discussão da sexualidade que muitas vezes é tida como
ligada ao âmbito do natural/biológico, mas isso é uma estratégica para ocultar as relações de
poder presentes nessa discussão e construção. Há uma distinção entre sexo natural e gênero
culturalmente construído. Por fim, foi apresentado o texto jornalístico que é construído em
relação com a sociedade e as ideologias por ela construída
Por: Letícia Silva
II Feminismos : Condições de Produção do Discurso de Mídia Imprensa
- Tempo : 19990 e 2000 -> Comparação entre os anos e análise
- Objetivo : Análise dos processos de representação das identidades femininas e/ou das mulheres nos jornais The Toronto Star e National Post.
- A mídia no Canadá está dominada por corporações dominadas por homens que controlava as fontes informativas. Empresa principal : Hollinger Corporation
- A mídia reforça valores econômicos e políticos
- Comprometimento de informações, com carga de opinião e não transparência de fatos.
1.O movimento feminista norte-americano e a construção do sujeito do feminismo
- Século XIX visão as mulheres eram oprimidas numa sociedade patriarcal , concordando assim, com a visão de vários historiadores feministas norte-americanos.
- 3 fases do movimento feminista norte- americano :
- 1 fase: 1920 aprovação da emenda 19, First Wave Feminist.
- 2 fase: 1960 ressuscitou movimento feminista depois das duas guerras mundiais e que trazia um discurso radical de reconstrução ou eliminação dos papéis sexuais e a luta pós direitos iguais, o Third Wave -> Crítica do movimento pós-moderno.
- 3 fase: Second Wave e o Second ( movimento atual).
- 1837 a 1901, período reinado pela rainha Vitória do Reino Unido. Período conhecido como era vitoria, onde havia a ideia de que a mulher deveria trabalhar a dignidade e o recato.O movimento era contra a prostituição e toda a forma que denigrisse a mulher perante a sociedade convervadora, sendo pertecente a classe alta e mulheres brancas.
- 1848, considerado marco do nascimento do movimento feminista. A mulher ainda era excluída, existindo apenas os direitos dos homens.
- Olympe de Gouges morreu ao defender que mulheres eram cidadãs e que consequentemente deveria haver direitos.
- O movimento retorna com maior força durante o século XIX ,os movimentos das reformas sociais, como o fim do absolutismo.
- No século XIX trabalhava a ideia do valor da mulher através do matrimônio.
- Se inicia a primeira Guerra Mundial, onde a mulher retorna ao seu "papel padrão". Mulher: mãe sofredora e dona de casa.
- Após a guerra define os direitos dos cidadãos, utilizando ainda o termo homem como referimento nos direitos.
- Ideia de igualdade se estende-se até meado dos século XX, com a concessão direitos das mulheres, 1920 Estados Unidos.
- As mulheres brancas ajudavam as crianças e pedia leis equilibradas , como por exemplo direito a escolaridade para mulheres divorciadas.
- Em 1918 mulheres canadenses: direito ao voto, a "mesada das mães", sociedade protetora das crianças, associações de casa e escola, além de cortes juvenis e prisão de mulheres separadas.
- Segunda Guerra Mundial : Mulher retorna como doméstica
- Se inicia o Bem - Estar Social
- Pós -guerra volta o questionamento dos papéis sociais
- Mídia: Mulher rainha do lar, ignorando a trajetória do movimento feminista e retornando á ideia padrão da mulher. Ideia do biológico: Construção social de que a mulher tem um corpo inferior ao do homem.
- 1960 questionamentos, paz e direitos civis.
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