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Tema do Encontro
No encontro do dia 24 de novembro iremos discutir Economia e Carisma da Indústria cultural da celebridade.
24 de Novembro 2017
Resumo do Tema
O estudo tem foco demonstrar a mídia como uma forma de visão capital, utilizando como base artistas.
24 de Novembro 2017
Palavras Chaves
Cultura, Tecnologia, Economia.
24 de Novembro 2017
Sobre os Autores
24 de Novembro 2017

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Encontro: 14/12 O show do Eu - EU privado e o declínio do homem público

Grupo Ilegalidades
Imagem disponível em: < https://www.arkpad.com.br/blog/arquitetura-e-design/casa-de-vidro-com-arquitetura-minimalista/ >

No encontro do dia 14/12 discutimos mais um capítulo do livro "O Show do Eu: a intimidade como espetáculo", da autora Paula Sibila, o capítulo discutido foi o terceiro "EU privado e declínio do homem público". A autora faz uma discussão entre o que seria público e privado hoje tendo como comparativo o que esses conceitos significavam na era moderna, trazendo uma análise repleta de exemplos e comparações que nos levam a enxergar que tais conceitos são mutáveis na dinâmica do tempo. 

SIBILA, Paula. O EU privado e o declínio do homem público. O show do Eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2008. 


  • A produção da subjetividade se dá, também, no espaço privado, esse que é fechado ao espaço público, onde a individualidade prevaleça para a construção do eu em intimidade com sigo mesmo. Nessa privacidade são produzidos os diários, as cartas, as autobiografias etc. É na intimidade que se produz a escrita da subjetividade. 
  • As escritas de cunho subjetivas, principalmente as assinadas pelo público feminino, datam do século XVII e chaga até o presente momento, mas com vistosas mudanças. No século XVIII as distâncias espaço temporais eram consideravelmente grandes, hoje, tais distâncias sofreram uma notável mudança. "Com uma rapidez inusitada e também imprevista, os dispositivos digitais e interconectados através das redes informáticas de abrangência planetária se convertem em poderosos meios de comunicação." (SIBILA, 2008, p. 88) 
  • Os relatos da subjetividade nos séculos XVII, XVIII, XIX e até meados do século XX; eram produzidos e restritos ao ambiente privado seu autor ou ao remetente exclusivo que o mesmo destina. Houve uma grande mudança nesse armazenamento das emoções convertidas em palavras, hoje, esses escritos são ainda produzidos no quarto, mas não se restringem à ele, são lançados na rede midiática em demasiada conexão. Os escritos subjetivos passam ao público. 
  • A busca pela intimidade no século XIX se dava pela busca de se restringir ao lar, uma intimidade que houvesse a literal separação entre o público e o privado. É um processo da cultura que desponta no momento, a qual é altamente controlada pela burguesia, a classe dominante no contexto setecentista/oitocentista. Portanto, tal intimidade é uma concepção burguesa, a qual introduz, também, a ideia de domesticidade e conforto. Assim, a casa se tornou o ambiente de intimidade e privacidade, foram repartidos os cômodos para as diversas funções (banheiro, cozinha, sala de estar/jantar) e, o mais cobiçado e que materializa essa ideia de individualidade, é o quarto. O século XIX têm-se a novidade do próprio quarto, um lugar onde se pode ser, livremente, o que se é. Nesse espaço o morador estaria a salvo do mundo exterior e todas as suas exigências, se preocupando apenas com seu valoroso eu, escrevendo seus diários e cartas e assim moldando sua subjetividade. 
  • Na Idade Média, intimidade e privacidade são raridades, mas "no despontar da modernidade, dois âmbitos claramente delimitados: o espaço público e o privado, cada um com suas funções, regras e rituais que deveriam ser prudentemente respeitados." (SIBILA, 2008. p. 95) 
  • Os quartos eram uma confortável delimitação onde se separava de todos os estigmas da vida publica e que, portanto, um espaço onde cada um poderia esbravejar tudo aquilo que se tinha de mais íntimos desejos, medos, angústias e emoções. "Nesses recintos, impregnados de solidão e privacidade, o sujeito moderno podia mergulhar m sua obscura vida interior, embarcando em fascinantes ou pavorosas viagens exploratórias que, muitas vezes, eram vertidas no papel. [...] Todos escreviam para firmar seu eu, para se autoconhecerem e cultivarem imbuídos tanto pelo espírito iluminista do conhecimento racional do que se era, como pelo ímpeto romântico de mergulho nos mistérios mais insondáveis da alma." (SIBILA, 2008, p. 96) 
  • Ler e escrever eram os grandes vícios desses tempos oitocentistas, eram muitas as pessoas que o faziam e, por isso, eram alvos de críticas e censuras dos moralistas da época. A ficção era instigante e apaixonante, produzida em centenas ou milhares de cópias que eram rapidamente consumidas. Era preciso ter atenção frente ao perigo da ficção, a sua capacidade de abduzir os leitores do mundo real. Não apenas ler, mas escrever também foi uma prática dissimulada nesse contexto, na mesma medida em que era condenada. Especialmente para as moças de boa família, a escrita acontecia em segredo, de forma recôndita o pulso registrava em palavras os necessários desabafos de uma austera vida do século XIX. Ler e escrever era uma nova configuração de solidão, um constante diálogo com o subjetivo. Esse é o homem romântico, aquele engatado na busca de si mesmo através da leitura e da escrita. 
  • O eu moderno é também extremamente valorizado na contemporaneidade. A produção do eu continua, porém de forma potencializada a partir dos recursos permitidos pela internet. O exibicionismo é uma importante diferença entre a escrita moderna e a contemporânea, a primeira o evitava vendo-o como uma uma aflição, já que a produção escrita era realizada sob a sombra do segredo; a escrita contemporânea, por sua vez, almeja tal exposição e para isso é produzida: "a internet permite que qualquer usuário possa publicar o que quiser, com pouco esforço e a baixo custo, para uma audiência potencial de de milhões de pessoas do mundo inteiro." (SIBILA, 2008, p. 105) 
  • Assim como a escrita as semelhanças também podem ser percebidas no processo de leitura, "De modo semelhante, os seguidores dos blogs e os fãs dos youtubers, assim como qualquer um que costuma navegar pelas redes sociais pulando de um perfil para o outro, poderiam ser comparados com os leitores de antigamente: aqueles que, nesse ato, se identificavam com os personagens literários e constituíam suas subjetividades em diálogo com esses jogos de espelho." (SIBILA, 2008, p. 105) 
  • A intimidade buscada no século XIX possui hoje a possibilidade se ser externalizada do seguro e misterioso quarto. O quarto é ainda onde essa intimidade se salvaguarda do mundo, do público, porém nesse espaço através da capacitação proporcionada pela internet, assistimos pelos diversos dispositivos midiáticos uma constante exibição da intimidade de outrem. 
  • A invisibilidade é evitada enquanto que a visibilidade é altamente valorizada, percebe-se isso pelo fato de que na mídia são publicados textos, fotos e vídeos da intimidade, expondo-a sem a menor restrição. Dessa forma, não há segredos guardados, não há o sentido da privacidade moderna que pretendia se esconder e, principalmente, se tornar invisível ao público. O anonimato, na sociedade contemporânea, marcada pela visibilidade, é desprezado. 
  • A confissão é um eficaz dispositivo de poder para construir verdades, existente desde o século XII como um mecanismo de controle eclesiástico, o qual se alastrou por vários campos da sociedade, medicina, psicologia, pedagogia, dente outras. Na modernidade o ato confessionário se dava na intimidade do quarto, onde eram escritos os diários. Hoje, a confissão é realizada de forma pública, uma possibilidade oferecida pela mídia, onde pessoas "confessam", ou seja, expõem sua vida por meio de textos, imagens, vídeos com uma rapidez de tempo real com repercussão para todo o mundo. O objetivo moderno é se calar para o público e ouvir a si mesmo, em contrapartida, o objetivo contemporâneo é se fazer ouvir pelo máximo número de pessoas, na expectativa de se engrandecer ao olhar alheio ou mesmo fazer uma denúncia em que o máximo de pessoas possam saber a verdade e, de forma participativa, comentarem suas indignações e conseguirem, por um peso quantitativo, pressionar organizações de poder para que essas tomem medidas de justiça. A visibilidade contemporânea, serve aos objetivos da mesma. 
  • "Os tempos mudaram e os valores também, portanto estes novos recursos se apresentam não apenas como um conjunto inovador de possibilidades comunicativas, mas também como um grande laboratório para a criação intersubjetiva, com incalculáveis feitos socioculturais e inclusive políticos." (SIBILA, 2008, p. 111) 
  • "Assim, desafiando o medo diante de uma eventual evasão, fortes ânsias de forçar voluntariamente os limites do espaço privado para mostrar a extimidade, para tornar público e visível esse eu desenvolvido no âmbito outrora íntimo. Nesse gesto, essa legião de confessandos e confidentes que invadiu as redes para se tornar a personalidade do momento vai ao encontro e promete satisfazer uma outra vontade geral do público contemporâneo: a avidez de bisbilhotar e consumir vidas alheias." (SIBILA, 2008, p. 115) 
  • Essa visibilidade é muito valiosa, pois as várias informações que compartilhamos são de grande importância para o mercado, uma vez que esse divulga para cada usuário produtos de seus interesses aumentando a possibilidade de fechar negócios. 
  • A arquitetura da casa moderna era fechada, possibilitando a privacidade aspirada, já a arquitetura contemporânea projetam casas que são a extensão da vida urbana que favorecem a produção da imagem e som, ou seja, proporciona a visibilidade. 
  • "A conclusão é simples: se não se mostra, se não se aparecer à vista de todos e os outros n]ao o veem, então, de pouco servirá ter seja lá o que for. Agora, portanto, o importante é parecer." (SIBILA, 2008, p. 122)
  • As casas que outrora garantiam a privacidade, agora são translúcidas, ou seja, abrem suas portas e janelas para a visibilidade. Várias vezes são tidas como um cenário onde se produz vídeos e fotos da intimidade para o consumo de milhares de pessoas. A intimidade é hoje devassada. 
Por: Letícia Azevedo.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Encontro: 04/12 O show do Eu - EU, eu, eu ... você e todos nós

Grupo Ilegalidades


No encontro do dia 04/12 discutimos o primeiro capítulo do livro: "O show do Eu: a intimidade como espetáculo", da autora Paula Sibila; o qual traz a questão da virada tecnológica, ou seja, a possibilidade de manusear os meios de comunicação de forma a criar o próprio eu. Os usuários passam a ser autores de divulgações.  

SIBILIA, Paula. Eu, eu, eu... você e todos nós. O show do eu. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 2008.

  • As notícias produzidas pela mídia são descartadas no outro dia, isso porque há uma grande quantidade produzida diariamente, quantidade tão expressiva que não somos capazes de armazenar à ponto de tudo lembrar.
  • A autora fala a mídia que fora tomada pela massa, ou seja, o grande número de produções feitas na internet pelos amadores está reconfigurando a forma de se fazer arte, política e comércio. Em virtude desse estouro de criatividade e visibilidade midiática, entre aqueles que antes costumam ser meros leitores ou espectadores passivos, teria chegado a hora dos amadores. (SIBILA, 2008, p. 15)

  • Essa produção das massas se dá pela agência das mesmas nas redes sociais, lugar onde ocorre uma explosão de criatividade originando produtividade e inovação. 
  • Essa produção das massas se dá pela agência das mesmas nas redes sociais, lugar onde ocorre uma explosão de criatividade originando produtividade e inovação.

Por:  Letícia Silva



quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Encontro 24/11 : Economia e Carisma da Indústria cultural da celebridade

Grupo Ilegalidades


No encontro do dia 24 de novembro iremos discutir o artigo  de Eduardo Cintra Torres, que trata em seu artigo "analisar a celebridade como actividade económica. Associada a um modo de vida e a actividades lucrativas, a celebridade tem uma poderosa dimensão económica, de que fazem parte os famosos, as empresas de media e outros negócios e ainda os consumidores. Transformadas em mercadoria, a presença física, a personalidade construída e a imagem dos famosos, com vida através e por causa da intermediação mediática, têm uma existência económica comparável a qualquer outro bem de consumo. Procuro verificar esse carácter através da tipificação das celebridades na televisão e procuro também estabelecer a celebridade como uma actividade que adquiriu uma autonomia suficiente para a considerar uma indústria cultural. Em seguida, reflicto sobre a relação entre a celebridade e o carisma, verificando como o carisma das celebridades contemporâneas se enquadra menos no seu prestígio individual do que na concepção weberiana do carisma institucional, o que permite superar a questão da “pseudocelebridade” e do “pseudocarisma”. Em consequência, adianto a hipótese de o carisma da celebridade contemporânea ser, não só uma criação, como uma propriedade da indústria cultural emprestada aos famosos, que dele tiram proveito enquanto têm seguidores, ou seja, audiências. Essa forte natureza da celebridade contemporânea e do seu carisma, permite questionar o carisma como, também ele, uma mercantilização de um bem etéreo através desta indústria cultural específica."

TORRES, Eduardo Cintra. Economia e Carisma da Indústria Cultural da celebridade. Natureza e Construção da Celebridade no Século XXI – UFMG. 2012. P. 1-14


História e Economia da Sociedade



  •  Celebridade é um fenômeno nas sociedades ocidentais desde a Antiguidade,seu início remonta há mais de dois milênios. A primeira celebridade Alexandre Magno procurou, em vida divulgar sua imagem por meio de escultura e colou sua esfinge na moeda. As primeiras celebridades eram aquelas ligadas ao poder político, militar, religioso e cultural.
  •  Artistas, cientistas e escritores se tornaram celebridades a partir do
    Renascimento, quando houve a disseminação da importância e do poder das universidades.
  • No século XX há uma nova ampliação dos seres celebrizados, nesse contexto pode-se considerar celebridades também os jornalistas, atores e deportistas.
  • Nesse período, a ampliação é tamanha que há aqueles que vivem,exclusivamente da fama.
  • O final do século XX, com o icônico Big Brother, consagrou finalmente o devir histórico da celebridade. [...] Provou em definitivo que todos os homens e mulheres comuns podem, e muitos querem, acender à celebridade. (TORRES, 2012, p. 2)
  • O desenvolvimento das celebridades se dá justamente com o desenvolvimento das grandes transformações do século XVIII como os meios de transporte e comunicação, desenvolvimento do capitalismo, início dos regimes democráticos, surgimento das grandes cidades e disseminação da imprensa.
  • O autor fala da celebridade pluralista, a qual possui um caráter mais acessível, uma vez que vai do;homem-grande; ao ;homem-anônimo;. Esse é um fenômeno que cresce e vende obstinadamente na nossa sociedade, tendo como catalisador o capitalismo, o qual coloca a celebridade em um plano indissociável do modo econômico e do modo político democrático.
  • A partir do final do século XIX o povo deixa sua condição restrita de espectadores e sobe no palco. Momento do povo enquanto protagonista. O que acarretou a celebridade de massa uma condição de produto vendido/consumido.
  • A sociedade alimenta toda a indústria cultural e as outras com os com anúncios, produzindo artigos à serem comercializados com suas imagens e aqueles que se referem exclusivamente a elas, como as biografias e autobiografias das celebridades, as quais são referências para seu público consumidor.
  • a celebridade tornou-se algo que existe economicamente de perse, não é apenas uma extensão dos media: se a imagem do famoso é uma mercadoria, então a celebridade é uma indústria cultural em si mesma. (TORRES, 2012, p. 3)
  • A indústria da imagem atribui a pessoa a condição de ser bem conhecida, portanto celebridade, apenas pelo que ela é e apresenta fisicamente.
  • É certo que hoje qualquer homem e mulher pode vir a se tornar celebridade, porém depende do carisma, o qual é uma aura própria do media, esse o empresta e o vende enquanto a pessoa durar, ou seja, enquanto sua imagem ainda for uma celebridade.

Tipologia econômico cultural da celebridade


  • Três tipos de celebridades: celeatores, personagens fictícios legitimados na cultura popular, deuses gregos e santos católicos, etc.; celeteóides, que abriga qualquer tipo de celebridade atribuída, comprimida e concentrada, personagens políticos, militares e culturais; e, por fim, a celebridade, tal qual conhecemos, ou seja, uma carreira junto ao público. Divisão proposta por Rojek, 2008.
  • A televisão tem um papel fundamental na indústria cultural e foi o meio onde a democratização da fama mais se desenvolveu, sendo que, por um curto período e pelos motivos mais aleatórios, concedeu fama a qualquer pessoa.
  • A celebridade contemporânea possui uma tipologia que evidencia a sua dimensão econômica, sendo: estrelas, celebridades/famosos, conhecidos (conhecidos por um dia). Para além dessa tipologia ainda pode-se destacar afigura das personalidades, os quais evitam a celebridade pública.
  • As estrelas são um fenômeno econômico-cultural, uma vez que possuem contratos com seus patrões televisivos. É uma relação contratual entre o empregador (estúdios) e o empregado (artista).
  • As celebridades/famosos, independentemente de suas atividades, a sua condição de celebridade reside na individualidade, está no seu próprio ser.
  • Seu valor está na sua escala de notoriedade. São chamadas como importantes;presenças; de eventos. A notoriedade possui um valor econômico potencial.
  • Os conhecidos compreendem aqueles que aparecem em reality shows que tentam vir a ser uma celebridade e, nessa busca, divulgam escândalos para se manterem nas revistas de fofocas, um dos meios que encontram para serem vistos. 
  • Dentre as pessoas que a isso se submetem são poucas as que conseguem alcançar o objetivo último, a fama consagrada de uma celebridade ou estrela, por conta da alta competição existente na indústria cultural que forma celebridades.
  • As personalidades, por fim, são aqueles contrários aos citados acima.
  • Frequentemente apresentados por estigmas negativos, posto que não contribuem política e economicamente para com a indústria cultural.
  • A celebridade é concebida enquanto mercadoria na medida em que o público deseja consumi-la, em programas televisivos, filmes, séries, músicas, anúncios, reportagem e vários outros bens de consumo.
  • Os empresários que não estão, suficientemente, bem com as suas vendas recorrem às celebridades para a divulgação de seus produtos/serviços, em razão da hegemônica visibilidade que elas detêm. Já os empresários bem- sucedidos e reconhecidos não precisam se submeter aos ditos dessa indústria cultural.
  • Os políticos enquanto representantes do povo e eleitos pelos mesmos, necessariamente se submetem à essa dinâmica midiática e celebrizada, garantindo sua visibilidade e seu voto.
  • Alguns famosos, para se garantirem nesse universo divulgam e alimentam mentiras de sua vida privada, vivendo uma permanência que depende do interesse dos consumidores, materializado nas vendas.
  • A celebridade é uma indústria de pessoas enquanto serviços seguidos,muitas vezes, de produtos materiais (publicações, roupas, objetos, etc.). [...] A celebridade é a imagem da pessoa, mais do que a pessoa. (TORRES, 2012, p. 8)
  • O preço da presença ou actividade dos famosos dependem dum nível de notoriedade a que é atribuído um preço e dividem-se por grupo de pessoas: no topo as celebridades de TV e actores; depois, outros actores, top models, manequim e, no final da tabela, as new faces. [...] Para todos eles, aparecer é fundamental, por serem imagens. (TORRES, 2012, p. 8)
  • Para se tornar famoso é necessário ser construído enquanto tal. O primeiro passo é se tornar conhecido e ter suas características como beleza, qualidades profissionais e huamanas expostas.

Carisma e celebridade

  • O carisma é uma condição precisa da celebridade desde a Antiguidade, &quot;O carisma é uma concepção aristocrática da liderança da sociedade, servindo, em qualquer regime político, para a diferenciação entre o meneur, o dirigente que está cima da massa, e a própria massa. (TORRES, 2012, p. 9).
  • O carisma vive enquanto há outros que lhe atribuem a legitimidade, que o reconhece. Dentro disso, houve algumas celebridades que são tidas como carismáticas, ou seja, se construíram de forma a mexer no emocional de seus admiradores à ponto desses o reconhecerem e neles creem, dando-lhes a legitimidade necessária. Essas personalidades são: Napoleão e os ditadores nazis, fascistas e comunistas do século XX.
  • Carisma institucional,Este carisma dá uma aura de poder sagrado a qualquer indivíduo que tenha o direito de vestir a túnica de bispo ou sentar-se no trono do rei, a margem das características pessoais. Neste caso, o carisma é uma força destinada a legitimar instituições e indivíduos poderosos. (LINDHOLM apud TORRES, 2012, p. 10)

Conclusões

  • A celebridade é uma indústria cultural tendo como atividade produtiva o entretenimento da sociedade. Tem um espírito capitalista, uma vez que é sustentada e conduzida por ele, este que fomenta o modo político e econômico da sociedade. Essa indústria normatiza e naturaliza a mercantilização do indivíduo e da sociedade.
  • O carisma é um elemento cultural, tal como a mídia e a celebridade em si.
  • Não importa se a pessoa, a celebridade em si é carismática, esse carisma, manufaturado, é emprestado a ele pela indústria cultural.
  • Esse carisma, ainda que artificial, é fundamental para as pessoas carismáticas.
  • Como muitos famosos não tem carisma no sentido clássico, o carisma é fabricado pela economia própria, dos promotores da indústria cultural.
  • Carisma efêmero, carisma mais do fenômeno da publicitação do que do próprio famoso. Quem detém o carisma primordial da celebridade são os media, não são as celebridades e os famosos. (TORRES, 2012, p. 13)
  • Os carismáticos dos média - o carismediático- serve à indústria e ao status quo do sistema econômico. Ambos, media e celebridades, alimentam o consumo capitalista, concretizando a relação triangular celebridade- economia-carisma.(TORRES, 2012, p. 13)

Por: Letícia Silva

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Encontro 17/11 : Análise de Filmes

Grupo Ilegalidades
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No encontro do dia 17 de novembro iremos discutir as representações de mulheres (crime e gênero). Essa discussão será baseada em temas dos encontros passados desse mês. Preparamos para vocês uma lista de filmes que podem ser analisados. 





BONNIE E CLYDE: UMA RAJADA DE BALAS



Um filme inspirado em dois assaltantes de bancos famosos entre os anos 1931 e 1934, se tornando celebridades do mundo do crime organizado. Durante a Grande Depressão, Bonnie Parker (Faye Dunaway) conhece Clyde Barrow (Warren Beatty), um ex-presidiário que foi solto por bom comportamento, quando este tenta roubar o carro de sua mãe. Atraída pelo rapaz, ela o acompanha. Ambos iniciam uma carreira de crimes, assaltando bancos e roubando automóveis. Conhecem o mecânico C.W. Moss (Michael J. Pollard), que passa a ser o novo companheiro da dupla, mas durante um assalto matam uma pessoa e são caçados daí em diante como assassinos. Ao grupo une-se Buck (Gene Hackman), o irmão de Clyde recém-saído da cadeia, e Blanche (Estelle Parsons), sua mulher. Sucedem-se os assaltos e logo o quinteto ganha fama em todo o sul do país. Uma noite, são cercados por vários policiais e, obrigados a matar para fugir, são perseguidos em vários estados.



A personagem: Parker nasceu em Rowena, Texas, e conheceu Clyde Barrow em 1930, quando ainda era casada. Além de seus roubos mirabolantes e assassinatos, a lenda de Bonnie e Clyde cresceu principalmente por causa de uma sessão de fotos que eles fizeram perto de seu esconderijo em Joplin, Missouri.


Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-1353/





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Mulher-Gato



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Mulher-Gato (em inglês, Catwoman) é o alter ego de Selina Kyle, uma personagem fictícia de histórias em quadrinhos; publicada pela editora estadunidense DC Comics, comumente em associação com o Batman. Criada por Bill Finger e Bob Kane, teve sua primeira aparição na edição número 1 de Batman, em 1940, no qual ela é conhecida como "A Gata". Mulher Gato tem sido tradicionalmente retratada como uma vilã e adversária de Batman, mas desde a década de 1990, ela tem sido destaque em uma série de mesmo nome, que a descreve como um anti-heroína em vez de uma vilã tradicional. Mulher Gato é também conhecida por compartilhar complexa rivalidade e afiliação amorosa com Batman, desde então tem sido o mais longo interesse amoroso do super-herói por várias décadas.

A original e mais conhecida Mulher-Gato é Selina Kyle, alter ego revelado em Batman #62 de 1951. [A personagem foi parcialmente inspirada pela prima de Kane, Ruth Steel,] bem como a atriz Jean Harlow. Em sua primeira aparição, ela era uma ladra, que utilizava chicote, com um gosto para roubos de alta escala. Por muitos anos a personagem prosperou, mas entre setembro de 1954 a novembro de 1966, Mulher Gato sofreu um hiato prolongado devido ao início da Comics Code Authority em 1954. Por causa das regras relativas à elaboração e interpretação de personagens femininas que estavam em violação do Código Comics, uma censura que não está mais em uso. Nos quadrinhos, outras duas mulheres adotaram a identidade de Mulher-Gato, além de Selina: Holly Robinson e Eiko Hasigawa.


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O filme é uma releitura do original, sendo assim, não modifica as características da transgressora.








Pulp Fiction


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Pulp Fiction (no Brasil, Pulp Fiction: Tempo de Violência; em Portugal, Pulp Fiction) é um filme americano de 1994, escrito e dirigido por Quentin Tarantino, baseado num argumento escrito por ele e Roger Avary.
Dirigido de uma forma altamente estilizada, Pulp Fiction narra três histórias diferentes, todavia entrelaçadas, sobre dois assassinos profissionais, o gângster que os chefia e sua esposa, um pugilista pago para perder uma luta e um casal assaltando um restaurante, em Los Angeles nos anos 90. Um tempo considerável do filme é destinado a conversas e monólogos que revelam as perspectivas de vida e o senso de humor das personagens. O roteiro, assim como na maioria dos demais trabalhos de Quentin Tarantino, é apresentado fora da ordem cronológica.


A personagem: MIA WALLACE é a esposa do chefão do crime Marcellus Wallace. Ela representa, para Vincent, um TESTE DE LEALDADE. Na primeira cena dos dois, Vincent esta falando para Jules da importância da lealdade enquanto conta a história de um homem que foi atirado da janela por massagear os pés de Mia. Porém, além dessa função dramática,Mia representa uma pessoa que vive de sua aparência. Ao final, depois que Vincent a traz de volta a vida e a deixa em casa, ela conta a piada. Ela finalmente deixa a mascara cair e se expõe. Pela primeira vez vemos além da sua aparência e dentro da sua alma. Não por acaso, ela está com uma aparência horrível.




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Jackie Brown




Jackie Brown é um filme policial estadunidense de 1997,escrito e dirigido por Quentin Tarantino. É uma adaptação do romance Rum Punch, do escritor Elmore Leonard, e rende tributo aos filmes do gênero blaxploitation da década de 1970. Tem em seu elenco Pam Grier, Robert Forster, Samuel L. Jackson, Robert De Niro, Bridget Fonda e Michael Keaton. Foi o terceiro filme de Tarantino, após seus sucessos Reservoir Dogs (br: Cães de Aluguel), de 1992, e Pulp Fiction, de 1994.
Comissária de bordo trafica dinheiro a mando de um vendedor de armas. Quando dois policiais oferecem um acordo para que ela entregue o bandido, a mulher decide enganar todos os envolvidos, com um olho na liberdade e outro numa mala cheia de dinheiro.




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Filme em inglês. ative as legendas.










Monster


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Monster (no Brasil, Monster - Desejo Assassino; em Portugal, Monstro) é um filme de drama americano de 2003, escrito e dirigido por Patty Jenkins. O filme é baseado na história de Aileen Wuornos, uma ex-prostituta que foi executada em 2002 pela morte de sete homens no final da década de 1980 e início da década de 1990. Wuornos foi interpretada por Charlize Theron, e sua amante semi-ficcional, Selby Wall (baseada na namorada da vida real de Wuornos, Tyria Moore), foi interpretada por Christina Ricci.
O filme estreou em 16 de janeiro de 2003 no American Film Institute, tendo um lançamento limitado nos EUA em 30 de janeiro de 2004. Theron recebeu aclamação da crítica e ganhou 17 prêmios por sua interpretação, incluindo o Oscar da Melhor Atriz, o Globo de Ouro de Melhor Atriz e o SAG Awards de Melhor Atriz Principal. O filme foi indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim.





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Sherlock Holmes


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Sherlock Holmes é um filme estadunidense-alemão de 2009, dirigido por Guy Ritchie e estrelado por Robert Downey Jr., Jude Law, Rachel McAdams, Mark Strong e Kelly Reilly. O filme é inspirado na figura de Sherlock Holmes, famoso personagem de Arthur Conan Doyle. O Filme foi vencedor no Globo de Ouro de Melhor Ator - Comédia ou musical Robert Downey Jr.


A personagem: Adler nasceu em Nova Jersey nos Estados Unidos da América. Ela já chamou a atenção de Sherlock, que tem a foto que recebeu do Rei da Boêmia como recompensa pela solução do caso em seu escritório e tenta ocultá-la. No momento de entrar em contato com Sherlock, ela já se divorciou de seu marido. Holmes acompanhá-la por algum tempo: apesar de não poder provar nada, ele reconheceu a mão de vários escândalos e assuntos, que ele manteve em um arquivo especial. Isso incluiu o roubo de um retrato de Velázquez do rei da Espanha, documentos navais que levaram à demissão do primeiro-ministro da Bulgária e um grande diamante de um Maharaja indiano. A personagem possui um extremo poder sobre Holmes na questão de desejo sexual, na qual a mesma o “conquista” em diversos momentos.


Disponível em : 

Não encontramos com uma boa qualidade, porém está disponível na plataforma da Netflix.






Suicide Squad



Suicide Squad (no Brasil e em Portugal, Esquadrão Suicida) é um filme americano de super-herói de 2016  baseado na equipe de anti-heróis de mesmo nome da DC Comics e distribuído pela Warner Bros. Pictures. É o terceiro filme do Universo Estendido DC. O filme foi escrito e dirigido por David Ayer. O elenco é composto por Will Smith, Jared Leto, Margot Robbie, Joel Kinnaman, Viola Davis, Jai Courtney, Jay Hernandez, Adewale Akinnuoye-Agbaje, Ike Barinholtz, Scott Eastwood e Cara Delevingne.
Um time dos mais perigosos e encarcerados supervilões são contratados por uma agência secreta do governo, para combater uma poderosa entidade. No entanto, quando eles percebem que não foram escolhidos apenas para ter sucesso, mas também por sua óbvia culpa quando inevitavelmente falharem, terão que decidir se vale a pena ou não continuar correndo risco de morte.


A personagem: A história de Harley é contada no quadrinho "Mad Love" ("Louco Amor"), de fevereiro de 1994, vencedor do Prêmio Eisner. Seu nome foi baseado no arlequim, com a intenção de ser um trocadilho ao seu nome original, Harleen Quinzel. Arlequina é frequentemente cúmplice e companheira amorosa do vilão Coringa, o qual ela conheceu enquanto trabalhava como psiquiatra no Asilo Arkham, onde o Coringa era paciente.


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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Encontro 10/11 : Análise MÍDIA E CRIMINALIDADE NO BRASIL e As mulheres bomba na Palestina, as 3 noivas de Alá.

Grupo Ilegalidades

No encontro do dia 10 de novembro, iremos discutir o artigo de Orlando Lira de Carvalho , doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora e em Política Comparada pela Otto-Friedrich Universität Bamberg, Alemanha. Pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política da Universidade Federal de Juiz de Fora, tem experiência em Direito Público, sociologia e comunicação política. Em seu artigo o autor discute a " emergência da TV como meio privilegiado de comunicação social, nos anos de 1960, coincidiu com o aumento dos índices de criminalidade no Ocidente. O foco dos programas de TV nas notícias de interesse nacional, o realce dado ao tema do crime associado à simpatia demonstrada às vítimas que sofrem nas mãos de criminosos, que não raras vezes são absolvidos por um sistema penal visto como ineficiente e corrupto, transformaram por completo o modo como a classe-média percebe o problema da criminalidade no país. A TV não só mudou as regras do discurso político, mas também reduziu o senso de distanciamento que separava a classe-média do crime. Por outro lado, é certo que, sem a experiência coletiva e rotineira do crime, é improvável que o noticiário e os programas de entretenimento em torno do desvio e da infração penal atraíssem tanta audiência. Entretanto, a hipótese que levantamos neste trabalho é que a mídia, especialmente a eletrônica, tem um papel relevante na formação do complexo de crime na modernidade tardia, ao explorar, dramatizar e reforçar uma nova experiência pública de profunda ressonância psicológica. Ao fazê-lo, a mídia, juntamente com a cultura popular e o meio-ambiente construído ajudaram a institucionalizar tal experiência ao fornecer ocasiões cotidianas de expressão das emoções de medo, fúria, ressentimento, vingança e fascínio que as experiências individuais de crime provocam. Tal “institucionalização” operada pela mídia aumentou de modo dramático a visibilidade do crime no dia-a-dia das pessoas, ao mesmo tempo em que direcionou a atenção do público, não para o problema da criminalidade em si mesma, menos ainda para seus índices oficiais, mas para suas “representações na mídia”, que se tornaram a fonte privilegiada de informação, conhecimento e opinião sobre o crime, com reflexos marcantes nas políticas de segurança adotadas no Brasil." 




 As mulheres bomba na Palestina, as 3 noivas de Alá.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Encontro 03/11 : Mídia, Crime e Memória: Tecnologias de Gênero

Grupo Ilegalidades
Foto de Danúbia postada recentemente em uma rede social - Reprodução Referência: oglobo.com


No encontro do dia 03/11 iremos discutir o artigo de Lúcia Lamounier Sena e José Maria de Morais.Este estudo analisa a descrição da mídia e sua representação de mulher transgressora, a partir de Danúbia de Souza Rangel , citada pela mídia como mulher do Nem da Rocinha e Xerifa da Rocinha.Outra proposta deste estudo é, através das redes sociais apresentar a construção da Danúbia por ela mesma em redes sociais, apontando assim um discurso de celebridade das redes sociais. 


SENA, Lúcia Lamounier; MORAIS, José Maria de. Mídia, Crime e Memória: Tecnologias de gênero. 
  •         O batalhão de choque da polícia militar prende, no dia 10 de novembro de 2011, Nem da Rocinha, traficante de drogas do Rio de Janeiro.  Esse foi um evento amplamente divulgado e que ressaltou esse traficante chamando-o de "mestre" pela sua capacidade bélica e o negócio ilegal que lhe rendia uma alta renda. Em seu poder estavam um exército de 200 homens, renda de 3 milhões de reais ao mês com o tráfico de maconha, cocaína e estasy, além de cerca de 150 fuzis. Esse traficante tem ainda várias passagens pela polícia.
  •     Danúbia Rangel é presa pelo BOPE, Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar, no dia 25 de novembro de 2017, fora presa em uma casa onde funcionava um salão de beleza. Esse foi um destaque dos jornais, o salão de beleza nada interfere na operação da polícia ou nos motivos pelo qual Danúbia estava sendo presa. Logo, a ênfase ao mesmo é apenas por esse estar, comumente, ligado à questão feminina.
  • ·    Danúbia Rangel é presa e isso é divulgado pela mídia como a mulher do Nem da Rocinha. Aqui, a divulgação não de alguém diretamente ligado ao tráfico e agente desse, mas de uma mulher que é alguém à sombra de outrem, ou seja, a imagem Danubia Rangel gira em torno da imagem do Nem da Rocinha, como se sem ele ela não fosse ninguém a ser noticiada.
  • ·      Além de ter ressaltado seu relacionamento afetivo com o traficante da Rocinha a mídia a construiu de outra forma que não ressaltando seu poder e sua atuação na favela e no tráfico, mas como mãe de uma das filhas do Nem; como "viúva negra", por ter sido mulher de dois outros traficantes assassinados; ressaltou sua beleza dentro do padrão, ou seja, seu corpo malhado, o cabelo liso, grande e loiro; seu lugar de "Xerifa da Rocinha", denominada assim pelo seu comportamento enérgico e ciumento para com as rivais; e, ainda, a ostentação de seu patrimônio físico e material nas redes sociais.
  •       Mulher no crime, especialmente no tráfico de drogas, é uma realidade que pode ser provada pelos documentos em presídios que evidenciam um expressivo dado quantitativo de mulheres encarceradas por tráfico de drogas. Mas esse é um dado não evidenciado pela mídia. Há uma essencialidade formada, que coloca a mulher do/no tráfico como a vítima e não como a atuante propriamente do negócio ilegal. Elas são destituídas, pelo meio de divulgação midiático, de seu papel de atuação, de "chefes" ou "mestras" do tráfico de drogas.
  •          A mulher no/do tráfico possui estereótipos naturalizados que as pré-determinam. Para a "mulher desviante" tem-se: a apaixonada, vingativa, sensuais, mãe, mulher fatal, vítima, iludida.
  • ·         O tráfico de drogas é um lugar de transgressão masculino, sendo as mulheres divulgadas como sujeitos passivos desse movimento, tendo a elas os papéis de companheiras, esposas, namoradas, mães. São papéis de passividade, não é uma representação que condiz com a realidade de atuação dessas nesse comércio ilegal.
  • ·         É preciso identificar essa representação de subalternidade feminina frente à temática do crime, especificamente do tráfico de drogas, e dar-lhes o poder de fala, evidenciar o seu papel de atuantes e não reforçar, também nesse campo de transgressão, os papéis de passividade e subalternidade. As mulheres, em vários contextos e épocas históricas, são sujeitos marcados pela não contabilização de seus feitos históricos. São sujeitos marcados por um silencio e exclusão da memória histórica-social. Nesse cenário do crime à a complicação que pode ser vista nessa pergunta: "Essas mulheres do/no tráfico de drogas, desemprenham feitos que são dignos de história, dignos de memória?" Assim, fica claro que a visibilidade proporcionada pela mídia é uma visibilidade moralista.
  • ·         A mídia é um recurso que fala sobre o outro, assim como a história que constrói esse outro. Tal construção é marcada por seleções, por escolhas de personagens, feitos e temas. Uma escolha não existe sem uma exclusão como consequência, logo, pode o subalterno falar? Quem opera essa mídia? Como opera? Quando opera? São indagações que ressaltam o processo de construção dessas representações e muito explicam sobre a imagem da mulher no crime representada pela inatividade.
  • ·         A construção de discursos é um poder de que goza a mídia. Sua divulgação é ampla e, por isso, é uma grande peça responsável pela construção do mundo social. Ela determina, pelo seu poder de convencimento, o certo e o errado, o aceitável e o inaceitável, o belo e o feio ...; dentro de uma capacidade que chega a naturalização de ideologias.
  • ·         "Os dispositivos midiáticos são considerados como uma espécie de memória social, ao mesmo tempo documento, representação e discurso construídos como acontecimentos e performatização de seus agentes. Sem dúvida, este é um campo atravessado pelas disputas sobre o discurso e o poder que lhe é correspondente, no sentido da constituição da verdade (ou da hegemonia) sobre o social." (p. 5)
  • ·         As diferenças de gênero podem também serem lidas na teoria marxista, a qual fala acerca do valor de uso dos corpos de trabalho, a mercadoria "força de trabalho". A forma de utilização, forma de atuação, desses corpos determinou aquilo que seria de atuação feminina e diferente da atuação masculina. A mídia se utiliza dessa diferenciação de atuação quando se refere ao tráfico, atribuindo para homens e mulheres formas de atuação distintas, sendo essas diferenças realizadas pela perspectiva sexista. Logo, temos que o homem no tráfico atua ativamente, sendo o chefe, sendo o controlador e dono de tudo; enquanto que a mulher possui uma atuação quase que de imagem, sendo a companheira desse. O gênero é o fator determinante na performance da atuação. É o que se chama de tecnologias de gênero, ou seja, os produtores e lugares de gênero, aqueles que determinam o lugar-ação do homem que é diferente do lugar-ação da mulher. Fazem isso de uma maneira hierarquizante, divulgam uma hierarquia sexista no tráfico de drogas. Crime e gênero, tratados pelo prisma da diferença.
  • ·         Danubia Rangel é destituída de seu protagonismo no tráfico de drogas, sua representação midiática gira em torno de algumas categorias de análise: "Xerifa e dona do morro", divulgada assim por seu temperamento enérgico e ciumento com suas rivais; "libidinosa", pelo seu corpo escultural e cabelo liso e loiro; "vítima", por falar que não se envolveu com o tráfico, mas com ele (o Nem); "Amor bandido", a ideia do fogo da paixão que a deixou cega e inconsciente do perigo e dos riscos que estava submetida.
  • ·         Por mais que ela receba uma denominação como "Xerifa da Rocinha" ou "Dona do morro", que a princípio podem parecer papel de atuação, a sua imagem assim não existiria sem a figura do Nem. É a ele que ela está ligada e dela ela depende para existir.
  • ·         A transgressora Danubia Rangel também teve sua imagem ligada à figura de mãe e esposa iludida, vítima de uma vaidade irracional e moralmente desviante.
  • ·         Pelas redes sociais que Danubia se construiu enquanto uma celebridade. Utilizando desse mecanismo, ela se construiu para o mundo a partir da ostentação de bens materiais, como jatinho, iate, joias e dinheiro; seu corpo escultural; companhia de pessoas famosas. Sempre sorrindo, ela se faz admirada por uns e odiado por outros. "A instrumentalização das redes sociais agenciada por Danubia fazem-na contemporânea de seu tempo: a fusão em que a máquina e as pessoas são expressões máximas da possibilidade de criação de si para a validação de qualquer espécie de interesse (afetivo, social, político e entre outros) é operada através da imposição de um eu maior, essencialmente feliz e superado na sua condição de ordinário. (SIBILA, 2016; SCHECHNER, 2006 apud SENA, MORAIS; p. 8)
  • ·         A imagem criada pela própria Danubia não condiz com a imagem da mulher no tráfico que a mídia divulga. Logo, quando essa foi presa, suas imagens do Facebook foram alvos de críticas e tidas como uma realidade irreal, algo que "caiu por terra". A ostentação gerenciada por Danubia foi, após sua prisão, divulgada de outra maneira, mostrando que o que o dinheiro do tráfico traz é uma ilusão, algo que não compensa. Como Danubia estava detida ela não pôde refutar, logo, essa foi a ideia que circulou, uma vez que fora a única.
  • ·         O Facebook foi um mecanismo que alimentou a celebrização de Danubia Rangel. Nele ela postava fotos e dizeres repletos de significação que dizem sobre ela e sua atuação. Danubia Rangel utiliza da cultura midiática de seu tempo, fazendo uma construção de seu cotidiano de forma digital e midiática.
  • ·         O poder de Danubia Rangel: "Danubia conseguiu, ao se unir e viver com nem, o chefe do tráfico de uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, e utilizando-se de espaços midiáticos como o Facebook, tornou-se uma celebridade do seu meio, de modo que passou a ser chamado de 'Xerifa da Rocinha', passando a deter, assim, um poder baseado na imagem que foi conseguindo construir sobre si mesma a partir da relação com o personagem mais respeitado daquela comunidade no que diz respeito ao tráfico de drogas." (SENA; MORAIS, p. 11)
  • ·         O material midiático coletado do perfil do Facebook de Danubia mostra sua intenção de se aproximar do estereótipo de mulher da alta-sociedade, uma vez que sua imagem é de uma mulher loira, de corpo escultural e portando joias de valor significativo. A construção de sua imagem se distancia do seu meio, mulher de traficante da favela da Rocinha, para se aproximar de uma mulher respeitável da alta-sociedade carioca.
  • ·         O valor e o poder de Danubia encontram-se no ter, joias, passeios de iate e jatinho, roupas de grife, corpo escultural; os quais determinam o seu ser.
  • ·         "A intencionalidade de Danubia Rangel com a divulgação das imagens que contribuíram para sua celebrização e reconhecimento como 'Xerifa' foi reforçada pela publicação de fotos que mostram a ostentação da personagem a partir de recursos imagéticos de ampla utilização que dão visibilidade às celebridades socialmente reconhecidas, seja artistas, personalidades políticas, esportivas entre outras." (SENA; MORAIS, p. 14)
  • ·         Na cobertura jornalística acerca da prisão do casal, feita pelos jornais Extra e O Globo, as fotos de Danubia são aquelas do seu facebook, apresentando a Danubia tal como é reconhecida, tal como ela engenhou.
  • ·         Ao se trabalhar gênero, crime e mídia e suas relações, é indispensável que essa discussão considere as intersecções de raça, faixa etária, classe e segregação sócio espacial.
  • ·         A construção do discurso tem seu lugar de maior divulgação o meio midiático, por excelência. Os conteúdos sociais midiatizados abrangem uma complexidade de agentes que estão em disputa pelo direito de fala e participação na construção desse discurso a ser midiatizado.
  • ·         A mulher no tráfico é uma imagem construída pela mídia que se refere à mulher louca, apaixonada, iludida e vítima. Essa é uma imagem construída sócio historicamente, produto de uma mídia que se pretende hegemônica.


 Por: Letícia Azevedo 

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